Drake e Kendrick Lamar: disputa vai a julgamento –

Um juiz federal está avaliando a natureza das batalhas de rap e a letra provocativa da música “Not Like Us”, de Kendrick Lamar. Esta canção, um sucesso nas paradas musicais, originou um processo de difamação movido pelo cantor Drake contra a gravadora Universal Music Group, que representa ambos os artistas.
Drake alega que a gravadora publicou e promoveu a música de forma a prejudicá-lo, considerando suas letras difamatórias. Em resposta, a Universal defende que as letras são apenas uma hipérbole típica das rivalidades no rap e está tentando que o caso seja arquivado.
Durante uma audiência animada em Nova York, a juíza Jeannette Vargas não tomou uma decisão imediata, demonstrando como a criatividade da música se choca com os limites formais do tribunal. Ela questionou quem é o ouvinte comum e se este conseguiria captar todas as referências presentes na letra, ressaltando a complexidade das rimas.
Nem Kendrick Lamar nem Drake estiveram presentes na audiência. O processo surgiu em meio a uma intensa rivalidade entre os dois astros, em torno de uma das músicas mais populares de 2024, que ganhou prêmios de gravação e canção do ano no Grammy, além de ter se tornado um sucesso nas plataformas de streaming.
Lançada durante troca de insultos entre os cantores, “Not Like Us” menciona Drake diretamente e questiona sua autenticidade na cultura do rap, alegando que ele é um “colonizador” do gênero, especificamente no contexto da cena rap da Califórnia, onde Lamar cresceu. A canção também sugere implicações sobre a vida sexual de Drake, afirmando: “ouço que você gosta de jovens”, declarações que ele nega.
O processo de Drake argumenta que a canção o acusa falsamente de ser um criminoso sexual e que isso o colocou em perigo. Ele menciona que a letra causou danos à sua imagem e resultou em tentativas de invasão em sua casa, além de um tiroteio envolvendo um segurança em sua residência em Toronto, que foi retratada na arte da capa da canção.
O advogado de Drake, Michael Gottlieb, destacou que “Not Like Us” alcançou uma popularidade cultural sem precedentes na história do rap e que a gravadora promoveu a música como se fosse um hino nacional, alcançando até mesmo ouvintes que não conhecem a fundo a rivalidade entre os rappers.
Gottlieb comentou que o ouvinte médio poderia ser até um jovem dançando em uma festa, como um bar mitzvah. A juíza comentou que isso seria uma festa interessante, já que a canção realmente foi tocada em algumas celebrações desse tipo.
A Universal, por sua vez, destacou que “Not Like Us” faz parte de uma troca de provocações entre Drake e Lamar. O advogado da gravadora, Rollin Ransom, argumentou que o contexto é fundamental e pediu desculpas ao recitar algumas das letras que Drake direcionou a Lamar, ressaltando que são meras provocações típicas das batalhas de rap e não devem ser interpretadas como declarações verdadeiras.
O processo pede danos não especificados. Além disso, Drake também processou a iHeartMedia, alegando que a empresa recebeu pagamentos ilegais da Universal para aumentar o toque da canção. A iHeartMedia negou qualquer irregularidade e o caso foi resolvido em março.
É importante ressaltar que Drake não processou Kendrick Lamar diretamente.