Bullying e cyberbullying deixam marcas duradouras nas vítimas –

Bullying nas Escolas do DF: Dados e Ações para Enfrentamento
O bullying se tornou uma preocupação crescente nas escolas, com novas formas de manifestação que vão além das interações físicas. As provocações, antes restritas ao ambiente escolar, agora se estendem para as redes sociais, criando um ciclo contínuo de assédio. Cancelamentos em grupos de WhatsApp, desafios cruéis e exclusões são algumas das novas facetas dessa prática antiga, que se moderniza com a tecnologia, tornando-se mais complexa e difícil de combater.
Um estudo recente do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal revelou que mais da metade dos alunos do ensino médio da rede pública do DF declarou ter sido vítima de bullying. A pesquisa, realizada em maio de 2025 em 34 escolas, envolveu mais de mil participantes, incluindo alunos, professores e gestores escolares. Os resultados mostraram que 50,3% dos estudantes presenciaram casos semelhantes com colegas. A maioria dos professores (76,4%) e gestores (91,7%) também confirmou ter lidado com episódios de bullying em suas instituições.
Os tipos de violência emocional vivenciados pelos estudantes não se limitam más provocações físicas. Uma breve mensagem, uma imagem mal interpretada ou um rumor pode gerar um “linchamento virtual”. Em 2024, a Polícia Civil do DF registrou 120 denúncias relacionadas ao bullying nas escolas, um aumento de 243% em comparação ao ano anterior, quando foram contabilizadas apenas 35 ocorrências.
A Secretária de Educação do DF, Hélvia Paranaguá, enfatizou que combater o bullying é uma prioridade. Ela destacou a importância de criar escolas seguras, tanto no ambiente físico quanto no digital, por meio de oficinas e formações que engajem estudantes, professores e famílias. A colaboração entre escola e família é vista como fundamental nesse processo.
A Secretaria de Estado de Educação do DF continua a desenvolver ações de prevenção e enfrentamento da violência nas escolas. Essas iniciativas incluem a integração de diferentes órgãos de proteção e sistemas de segurança. O monitoramento de situações de violência é realizado de forma coordenada, com a realização de oficinas e formações sobre bullying e mediação de conflitos.
Quando episódios de conduta infracional ocorrem, as escolas seguem um protocolo que pode incluir advertências, suspensão e acompanhamento das famílias, em parceria com instituições como o Conselho Tutelar e a Delegacia da Criança e do Adolescente.
Histórias de alunos que sofreram bullying revelam o impacto emocional profundo dessa prática. Mariana Peretti, por exemplo, compartilhou sua experiência com assédio virtual que começou quando ela se expunha nas redes sociais. Offensas a sua aparência e sua saúde mental deterioraram sua autoestima e a levaram a se afastar das plataformas digitais.
Outro relato comovente é o de Stefany Serra Alves da Silva, que enfrentou um bullying intenso na infância por causa de seu cabelo. A pressão e as provocações constantes afetaram sua autoestima por anos, levando-a a uma relação negativa com sua imagem e seu corpo.
A psicóloga Mônica Valéria alerta para os efeitos graves do bullying, que podem levar a transtornos como depressão e ansiedade, além de prejudicar o bem-estar mental e físico das vítimas. Ela recomenda que os pais fiquem atentos a mudanças de comportamento nos filhos, como a perda de interesse nos estudos.
Além disso, a partir de 2024, o bullying e o cyberbullying passaram a ser considerados crimes no Brasil, com leis que estabelecem punições para os agressores. Denúncias podem ser feitas em delegacias ou por meio de canais de atendimento da polícia, como o número 197 ou o WhatsApp.
As escolas são instâncias fundamentais nesse combate, necessitando de formação contínua para professores e de um ambiente seguro para a denúncia e prevenção do bullying. É essencial que a comunidade escolar trabalhe unida para transformar o ambiente educativo em um espaço acolhedor, respeitoso e seguro para todos os alunos.