Em dezembro do ano passado, a DAZN, uma empresa inglesa de streaming esportivo, adquiriu os direitos globais da nova Copa do Mundo de Clubes da FIFA por um bilhão de dólares. No Brasil, a DAZN firmou contratos de licenciamento com a Globo e a LiveMode, que gerencia a CazéTV. Cada uma dessas empresas pagou cerca de 25 milhões de dólares para transmitir o torneio, que se encerra no próximo domingo.
Esse contrato revela o potencial lucrativo do futebol, que atrai milhões de torcedores e movimenta grandes quantias em publicidade. No entanto, o interesse das plataformas de streaming não se limita ao futebol, abrangendo também modalidades populares como automobilismo, ginástica, tênis e basquete. Essas categorias atraem um público masculino que, apesar de ser fã de esportes, não necessariamente se interessa pelas novelas e séries tradicionais.
A tendência de fragmentação das transmissões esportivas se intensificou com a chegada dos serviços de streaming. Antigamente, bastava sintonizar a TV na Globo para acompanhar os jogos. Hoje, com a dispersão dos direitos de transmissão, os torneios estão disponíveis em diversas plataformas, incluindo canais abertos e fechados, além de serviços como a CazéTV. Esta última foi fundada pelo streamer Casimiro Miguel, que tem mais de 21,5 milhões de inscritos no YouTube e parcerias com o Prime Video e Disney+.
A competição acirrada pelo público se evidenciou opor meio do Mundial de Clubes. Enquanto a Globo ainda atrai espectadores mais tradicionais, a CazéTV conquista um público mais jovem, sendo que 83% dos seus espectadores têm menos de 44 anos e consomem conteúdo por meio de dispositivos móveis. A derrota do Flamengo para o Bayern de Munique, por exemplo, conseguiu reunir 5,6 milhões de visualizações simultâneas.
A CazéTV, por sua vez, questiona as metodologias tradicionais de aferição de audiência, afirmando que a medição atual não captura com precisão sua audiência, especialmente nos dispositivos móveis. Recentemente, a Kantar desenvolveu uma nova ferramenta de medição para transmissões esportivas, mas ainda apresenta limitações que a CazéTV considera desatualizadas. Essa disputa é crucial, pois a medição de audiência influencia a distribuição dos investimentos publicitários no setor.
A CazéTV não está parada e já conta com patrocínios de 15 grandes marcas, como Itaú e iFood, com cotas avaliadas em pelo menos 1,5 milhão de reais cada. Em 2022, as transmissões esportivas da plataforma mostraram um crescimento significativo de audiência, levando a um aumento substancial nos direitos de transmissão. As plataformas de streaming, em geral, gastaram 10 bilhões de dólares em direitos esportivos no ano passado, uma alta de 257% em relação a cinco anos atrás.
O Brasil, por sua paixão pelo futebol, tem se tornado um foco de atenção para as plataformas de streaming. A Disney, através da ESPN, oferece uma variedade de campeonatos, como Libertadores e torneios da NFL. A HBO Max, que também opera a TNT, exibe a desejada UEFA Champions League. Esses investimentos feito pelas plataformas evidenciam que exibir eventos esportivos se tornou um diferencial competitivo.
Além disso, serviços como a Netflix, que é conhecida por seus documentários, também estão investindo em transmissões ao vivo. Recentemente, a plataforma anunciou um contrato de 150 milhões de dólares para exibir jogos de Natal da NFL. Esse movimento ajudou a aumentar sua base de assinantes e a empresa está ampliando as transmissões ao vivo, como uma luta de boxe e a Copa do Mundo Feminina.
Além de atrair um novo público, as plataformas de streaming também têm trazido talentos da TV para seus elencos. Fenômenos como Galvão Bueno estão se associando a essas empresas enquanto ainda mantêm laços com a TV tradicional. Embora as novas gerações tenham se adaptado mais rapidamente ao streaming, a TV continua a ocupar um espaço importante na vida dos brasileiros. O cenário está em transformação e as disputas por audiência e investimento no mundo esportivo seguem intensas.
