Calor no Mundial: recomendação para finais às 9h da manhã –

Durante o Mundial de Clubes nos Estados Unidos, as altas temperaturas chamaram a atenção de especialistas e organizadores de eventos esportivos. O calor extremo que afetou os jogadores e torcedores levantou preocupações sobre a Copa do Mundo masculina de 2026, que será realizada nos mesmos países, incluindo Estados Unidos, México e Canadá.
Mike Tipton, professor da Universidade de Portsmouth, sugeriu que a final da Copa do Mundo poderia ser agendada para as 9 horas da manhã, a fim de lidar com a possibilidade de calor intenso. Ele é um dos principais especialistas em como as altas temperaturas afetam o desempenho humano. Para Tipton, se as condições climáticas atuais persistirem, reprogramar os jogos para horários mais frescos seria a melhor solução.
Na última semana, uma onda de calor atingiu o leste da América do Norte, resultando em várias hospitalizações por doenças relacionadas ao calor. Em Nova York, a temperatura chegou a 39°C, um recorde para o mês de junho. O MetLife Stadium, que receberá jogos da Copa do Mundo em 2026, não possui cobertura, deixando os torcedores expostos ao sol.
Os horários das partidas serão definidos após o sorteio dos grupos em dezembro, mas as informações disponíveis indicam que os jogos no leste dos EUA devem ocorrer ao meio-dia, 15h, 18h e 21h. Esses horários, porém, foram estabelecidos com o público europeu em mente, desconsiderando o bem-estar dos torcedores locais.
A Fifpro, sindicato global de jogadores, expressou a necessidade de uma abordagem mais cuidadosa em relação às condições climáticas. Em uma coletiva, o diretor médico da entidade sugeriu que, em casos de calor extremo, os intervalos entre os tempos dos jogos poderiam ser estendidos para 20 minutos.
Atualmente, as diretrizes da FIFA para jogos sob calor intenso preveem pausas de hidratação quando a Temperatura de Bulbo Úmido (WBGT) ultrapassa 32ºC. Entretanto, a Fifpro propõe que essas pausas comecem a acontecer quando a WBGT já exceder 28ºC, e que, se a temperatura chegar a 32ºC, o jogo deveria ser suspenso.
Os riscos de realizar jogos em temperaturas elevadas são bem conhecidos. Já ocorreram incidentes em que jogadores desmaiaram devido ao calor, como ocorreu recentemente durante competições locais e em outras edições do futebol mundial. Em 1994, durante a Copa do Mundo nos EUA, jogadores enfrentaram temperaturas extremas, o que ainda ressoa na memória de ex-atletas.
Com a Copa do Mundo de 2026 se aproximando, os especialistas alertam que as temperaturas podem ser ainda mais severas devido às mudanças climáticas. Mesmo que a previsão de temperatura para o torneio seja incerta, há dados que sugerem que as condições climáticas poderão se agravar.
A FIFA tem reconhecido a seriedade das condições climáticas e tem implementado medidas para proteger os jogadores, como pausas para hidratação e a possibilidade de um número maior de substituições. No entanto, os desafios trazidos pelo calor extremo e eventos climáticos, como tempestades, também levantam questões sobre a logística da Copa do Mundo e a segurança de todos os envolvidos.
Com apenas cinco estádios cobertos programados para receber jogos, as críticas em relação à seleção das sedes e horários de partida devem aumentar. As medidas para lidar com as altas temperaturas e garantir a segurança de jogadores e torcedores será um tema central à medida que a Copa do Mundo se aproxima.