O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participou remotamente da 17ª Cúpula de Líderes do Brics e defendeu a ampliação das transações em moedas locais entre os países do bloco. Essa discussão é uma das prioridades do Brics, embora os diálogos estejam ainda nos estágios iniciais. Durante a presidência do Brasil, houve avanços limitados nas conversas sobre a integração dos sistemas de pagamento entre os membros.
Em seu discurso, Putin ressaltou a importância de expandir o uso das moedas locais e propôs a criação de um sistema independente de liquidação e depósito dentro do Brics. Ele afirmou que isso tornaria as transações cambiais mais rápidas, eficientes e seguras. De acordo com ele, o uso do rublo e outras moedas dos países amigos nas transações da Rússia com os membros do Brics deverá chegar a 90% em 2024, evidenciando um crescimento constante na adesão a essa prática.
Além disso, o presidente russo enfatizou a necessidade de aumentar os investimentos entre os países do Brics, especialmente através do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco dos Brics. Ele sugeriu a criação de uma nova plataforma de investimentos para desenvolver ferramentas que ajudem a atrair financiamento para as economias dos membros do grupo e de outras nações do Sul Global e do Leste.
Putin também comentou sobre a crescente influência do Brics, afirmando que o grupo está superando o G7, que reúne as maiores economias do mundo, como Estados Unidos, Japão e países da Europa ocidental. Ele criticou o que chamou de “sistema unipolar”, que, segundo ele, estaria “ficando para trás”. Usou a expressão “bilhão dourado” para se referir a elites globais que se beneficiam da ordem mundial liderada pelos Estados Unidos, sugerindo que o Brics representa uma alternativa mais justa e multipolar.
O presidente da Rússia fez questão de destacar que os países do Brics não apenas representam um terço da superfície terrestre e quase metade da população mundial, mas também cerca de 40% da economia global. A projeção indica que o PIB total dos países do Brics, em paridade de poder de compra, pode atingir US$ 77 trilhões até 2025, superando significativamente o G7, que totaliza US$ 57 trilhões.
Putin também mencionou que, mesmo com a diversidade cultural, religiosa e social de seus membros, o Brics continua a aumentar sua influência global. Ele afirmou que a relevância e a autoridade do grupo estão crescendo a cada ano, garantindo um lugar entre os principais centros de governança mundial e defendendo os interesses da maioria global.
Apesar de não ter podido comparecer presencialmente à cúpula devido a problemas legais relacionados à sua condenação pelo Tribunal Penal Internacional, Putin participou do evento virtualmente, conforme solicitação aceita pela presidência brasileira. Ele não participará do restante da cúpula e será representado pelo chanceler russo Sergey Lavrov.
