Na segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou as pressões sobre os parceiros comerciais do país, enviando cartas a líderes de várias nações para informá-los sobre as novas tarifas que entrarão em vigor. Ao mesmo tempo, Trump assinou um decreto que prorroga a data de implementação das tarifas “recíprocas”, com exceção da China, para o dia 1º de agosto.
Essas tarifas, que estavam programadas para começar nesta quarta-feira, variam conforme os países, com algumas sendo mais altas ou mais baixas do que os níveis anteriores estabelecidos em abril. Durante um jantar na Casa Branca, Trump foi questionado se a nova data de 1º de agosto era definitiva. Ele respondeu que a expectativa é de que sim, mas admitiu que pode haver flexibilidade se os países se manifestarem.
Os primeiros destinatários das cartas foram o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, e o presidente da Coreia do Sul, Lee Jae-myung. Ambas as nações devem enfrentar uma tarifa de 25% a partir de agosto, mas expressaram a intenção de continuar as negociações comerciais com os EUA, com o Japão focando em um acordo de comércio bilateral.
Trump também enviou cartas para líderes de países como Malásia, Cazaquistão, África do Sul, Myanmar e Laos, informando sobre taxas de tarifas que podem chegar até 40%. Mais tarde, ele publicou comunicações direcionadas a Tunísia, Bósnia e Herzegovina, Indonésia, Bangladesh, Sérvia, Camboja e Tailândia, totalizando 14 cartas enviadas na segunda-feira.
Nas cartas, Trump destacou sua preocupação com os déficits comerciais dos EUA com essas nações, onde o país importa mais do que exporta. Ele também mencionou que as tarifas são respostas a políticas que, segundo ele, dificultam a venda de produtos americanos no exterior, incentivando os líderes a produzir bens nos Estados Unidos para evitar tarifas.
As cartas foram enviadas em meio a um prazo estabelecido para 9 de julho, quando, se não houverem acordos, os países podem enfrentar tarifas mais altas. Desde abril, os países já sofrem com tarifas mínimas de 10%.
Trump também alertou que, se algum país retaliar com suas próprias tarifas, os EUA poderão aumentar ainda mais as taxas sobre esses produtos. O presidente afirmou que essas taxas seriam distintas das tarifas setoriais já existentes, como a tarifa de 25% sobre automóveis.
Embora a União Europeia tenha sido frequentemente alvo das críticas de Trump, nenhuma carta foi enviada a esse bloco. Um porta-voz da Comissão Europeia informou que não comentaria sobre cartas que não haviam sido recebidas.
No Japão, o primeiro-ministro expressou preocupação sobre as novas tarifas e iniciou uma força-tarefa para lidar com a situação. A Coreia do Sul também disse que monitorará as notícias próximas e pode agir em caso de oscilações excessivas no mercado, embora não tenha detalhado seu plano de ação.
A Tailândia e a Malásia, que enfrentam tarifas elevadas, manifestaram otimismo em conseguir uma negociação mais favorável com os EUA. O presidente da África do Sul fez um apelo para que as empresas locais diversificassem suas operações, lamentando a base de dados que levou ao aumento da tarifa em seu país.
Coletivamente, os EUA compraram 465 bilhões de dólares em produtos dos 14 países que receberam cartas, com Japão e Coreia do Sul respondendo por 60% desse total.
A possibilidade de tarifas mais altas pode refletir em preços mais altos para os consumidores americanos, especialmente em itens como carros, autopeças e eletrônicos. Apesar das promessas de que as tarifas setoriais não seriam acumuladas, ações de fabricantes de automóveis que operam principalmente no Japão e na Coreia do Sul registraram quedas acentuadas na bolsa.
Trump finalizou as cartas ao indicar que as tarifas poderiam ser ajustadas, tanto para mais ou para menos, dependendo da relação dos EUA com esses países. Após os anúncios, o Dow Jones fechou com queda de 422 pontos, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq também apresentaram perdas significativas, os piores dias em cerca de três semanas.
