Lula recebe Modi: motivos para a aproximação entre Brasil e Índia –

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está buscando fortalecer as relações comerciais com a Índia, o país mais populoso do mundo. A oportunidade surge com a visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, a Brasília. Esta é uma chance para discutir como expandir o comércio entre as nações, que já são parceiras no grupo BRICS, mas possuem uma relação comercial ainda limitada.
Modi chegou a Brasília após participar de uma reunião do BRICS no Rio de Janeiro, onde foi recebido por Lula em um encontro oficial. Em suas falas, Lula destacou que o comércio atual entre Brasil e Índia é bastante baixo, totalizando apenas 12 bilhões de dólares. Ele ressaltou a necessidade de diversificar as trocas comerciais, mencionando que seriam bem-vindos novos produtos brasileiros na mesa do primeiro-ministro.
Historicamente, o comércio entre Brasil e Índia é eclipsado pelas trocas comerciais do Brasil com países como China, Estados Unidos e Argentina. Embora ambos os países tenham em comum áreas de cooperação, como a redução da pobreza e a produção de biocombustíveis, a Índia ainda representa um mercado subexplorado para o Brasil. No entanto, desde a formação do grupo BRICS, as trocas comerciais cresceram consideravelmente, tendo dobrado nos últimos anos, com um aumento de 24% nos primeiros cinco meses de 2025 em relação ao ano anterior.
A Índia, com sua vasta população de 1,4 bilhão de habitantes, é um país agrícola de grande importância global. O Brasil, por sua vez, é conhecido como o maior exportador de proteína animal do mundo. Contudo, o relacionamento comercial enfrenta desafios devido à concorrência entre os produtos que ambos os países oferecem.
O governo brasileiro está investindo nos setores de defesa e aviação, como mostrou a nova subsidiária da Embraer aberta em Nova Déli. Além disso, as exportações de gergelim e etanol são áreas nas quais o Brasil busca ampliar suas vendas para a Índia. Recentemente, o interesse em exportar etanol aumentou, especialmente com a Índia elevando o teor deste produto na gasolina.
No entanto, o Brasil também enfrenta a concorrência americana. O governo indiano tem buscado acordos que garantam acesso ao mercado indiano para o etanol estadunidense, o que pode complicar as investidas brasileiras neste setor.
Após a reunião em Brasília, Lula passará a presidência rotativa do BRICS para Modi. Ambos reforçaram suas ambições sobre a inclusão como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, um objetivo que deverá ser uma prioridade para a Índia em 2026.