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Corrida por antídotos ao colesterol amaldiçoado ganha força –

A compreensão do colesterol evoluiu significativamente ao longo dos anos, refletindo avanços na medicina. Antigamente, a ênfase estava na quantidade total de colesterol no sangue. Com o tempo, os especialistas passaram a dividir o colesterol em duas categorias principais: o LDL, considerado “ruim”, e o HDL, considerado “bom”. Contudo, essa divisão não abrange todos os aspectos, pois existem várias moléculas dentro dessa família, uma das quais, a lipoproteína (a), conhecida como Lp(a), tem chamado a atenção de médicos e pesquisadores.

A Lp(a) é uma versão particularmente perigosa do colesterol LDL. Sua descoberta remonta à década de 1960, mas foi apenas nos últimos anos que se intensificaram os estudos sobre sua relação com o aumento do risco de doenças cardíacas. Dados da medicina indicam que cerca de 20% da população pode ter níveis elevados de Lp(a). Em alguns casos, essas altas concentrações podem aumentar significativamente o risco de infarto antes dos 40 anos. Especialistas apontam que a Lp(a) é cinco vezes mais agressiva para as artérias do que o LDL comum, aumentando a probabilidade de obstruções vasculares que podem causar infartos e outras complicações.

A Lp(a) é criada pelo corpo, principalmente no fígado, e mais de 70% do seu nível no sangue é determinado geneticamente. Esse fator mostra que, embora o estilo de vida e a alimentação influenciem o colesterol, a genética desempenha um papel crucial na elevação dos níveis de Lp(a). Para identificar esse risco, os médicos recomendam a realização de um exame de sangue, que já está disponível em muitos centros clínicos no Brasil. No entanto, muitos profissionais de saúde ainda não têm familiaridade com a importância desse exame como um fator de risco independente para doenças como infarto e AVC.

Os especialistas estão tentando mudar essa realidade. A dosagem da Lp(a) deverá ser incluída nas futuras diretrizes de cuidados cardiovasculares, visando aumentar a precisão na avaliação de risco dos pacientes e adaptar planos de tratamento. A Lp(a) é vista como um dos vários fatores que levam ao entupimento das artérias, que é a principal causa de morte no mundo, resultando em mais de 30% das mortes anuais.

Quimicamente, a Lp(a) é uma combinação de LDL e uma molécula inflamatória, o que aumenta sua capacidade de formar placas que obstruem os vasos sanguíneos. Essas obstruções interrompem o fluxo sanguíneo e podem ser fatais, especialmente para órgãos como o coração e o cérebro.

Diferente de outras formas de colesterol, a Lp(a) não diminui de forma significativa com alterações na dieta ou com o uso de medicamentos tradicionais, como as estatinas. Quando se descobre níveis elevados de Lp(a), a orientação é focar na redução do risco geral, por meio de hábitos saudáveis, como exercícios regulares e controle do colesterol e da pressão arterial, uma vez que não podemos mudar nossa genética.

Atualmente, as opções para reduzir diretamente a Lp(a) são limitadas, mas existem novos medicamentos, como os inibidores de PCSK9, que podem diminuir os níveis de Lp(a) em até 30%. Além disso, um estudo realizado no Brasil revelou que uma dieta rica em legumes, frutas e laticínios magros pode reduzir os níveis de Lp(a) em 14%.

A boa notícia é que novas terapias estão em desenvolvimento. Pesquisas com base em RNA, uma molécula ligada à expressão de genes, estão demonstrando promissoras reduções nos níveis de Lp(a). Um desses tratamentos conseguiu reduzir os níveis de Lp(a) em até 99% em estudos iniciais. Essas novas abordagens terapêuticas podem, em breve, oferecer uma solução prática e eficaz para o controle do “colesterol amaldiçoado”.

Esses avanços representam uma importante evolução no entendimento e tratamento das doenças cardiovasculares. A descoberta e a pesquisa em torno da Lp(a) não apenas aprofundam o conhecimento sobre a saúde cardiovascular, mas também abrem novas possibilidades para prevenir e tratar doenças que afetam milhões de pessoas.

Redação EUVO News

Conteúdo original produzido pela equipe editorial do EUVO News. Nossa redação se dedica a entregar informação de qualidade sobre eventos, cultura e atualidades do Brasil.

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