Obesidade Materna Eleva Riscos Na Gestação E No Parto –

A obesidade é um dos principais desafios na área da obstetrícia atualmente. Mais do que um problema de saúde, ela representa riscos significativos para a vida da gestante e do bebê. Estima-se que entre 25% e 30% das mulheres grávidas no Brasil sejam consideradas obesas, o que significa que possuem um Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior do que 30 kg/m². Esses índices estão alinhados com a tendência crescente da obesidade em todo o mundo.
Complicações Comuns na Gravidez
O ginecologista e obstetra Dr. Nélio Veiga Júnior alerta que a obesidade aumenta o risco de complicações durante a gravidez. Um dos problemas mais comuns é o Diabetes Mellitus Gestacional (DMG). Mulheres que são obesas têm de duas a quatro vezes mais chance de desenvolver esse tipo de diabetes. Isso ocorre devido a uma resistência insulínica que já pode existir e que piora com as mudanças hormonais que acompanham a gestação.
Outro problema frequentemente associado à obesidade é a pré-eclâmpsia. Essa condição é marcada pelo aumento da pressão arterial e pela presença de proteína na urina. O especialista indica que o risco de desenvolver pré-eclâmpsia pode dobrar ou até triplicar em gestantes obesas. Fatores como inflamação crônica e estresse oxidativo contribuem para o surgimento dessa doença.
Risco Elevado de Césariana e Complicações Anestésicas
A obesidade também influencia o modo como o parto é realizado. Mulheres grávidas com um IMC elevado têm duas vezes mais chance de precisar de uma cesariana. Isso ocorre porque a obesidade pode dificultar a indução do parto, prolongar o tempo de trabalho de parto e aumentar a necessidade de intervenções médicas.
Além disso, a administração de anestesia se torna mais complexa. A probabilidade de ocorrer falhas técnicas e de surgirem complicações — como queda na pressão arterial e dificuldades para ventilação — é maior, especialmente em casos que requerem anestesia geral.
Efeitos no Bebê e Riscos a Longo Prazo
Os efeitos da obesidade não afetam apenas a mãe, mas também o feto. Bebês cujas mães são obesas apresentam maior risco de nascer com malformações, hipoglicemia e problemas respiratórios, mesmo em gestações que chegam ao termo. De acordo com Dr. Nélio, essas crianças têm uma probabilidade maior de desenvolver problemas de saúde ao longo da vida, como obesidade, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica. Isso se deve ao que é conhecido como “programação fetal”, onde a saúde da mãe impacta diretamente no futuro do bebê.
Importância do Cuidado Pré-Concepcional e Pré-Natal
Embora existam riscos associados à obesidade na gravidez, é possível mitigá-los através de um acompanhamento apropriado. O ideal é que esse cuidado comece ainda antes da gravidez. O especialista recomenda que mulheres que estão acima do peso procurem ajuda em áreas como nutrição, psicologia e saúde médica. Uma perda de peso entre 5% e 10% já pode ter um impacto significativo na saúde.
Durante a gestação, é fundamental monitorar de perto o ganho de peso. Para gestantes com IMC acima de 30, o recomendado é que o aumento de peso fique entre 10 e 14 kg, segundo orientações de especialistas. Esse acompanhamento deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, envolvendo médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e enfermeiras obstétricas que trabalhem em conjunto.
Atendimento Especializado Melhora os Resultados
Para garantir mais segurança, é importante que gestantes obesas sejam acompanhadas em maternidades preparadas para lidar com possíveis complicações, sejam elas clínicas, anestésicas ou cirúrgicas. Dr. Nélio ressalta que prevenir e controlar a obesidade, tanto antes quanto durante a gravidez, é uma das maneiras mais eficazes de melhorar a saúde da mãe e do bebê, além de ajudar a romper ciclos de doenças crônicas que podem afetar as futuras gerações.
Conclusão
A obesidade é um problema sério que pode afetar muitas mulheres grávidas e suas crianças. Ter conhecimento sobre os riscos e complicações é essencial para que tanto a gestante quanto o bebê tenham uma gravidez saudável. A chave está na prevenção e no acompanhamento adequado, garantindo um suporte multidisciplinar em todas as fases da gestação.
Cuidar da saúde antes e durante a gravidez pode fazer a diferença no bem-estar de mãe e filho, aumentando as chances de um parto seguro e de um desenvolvimento saudável. Por isso, todas as mulheres que estão pensando em engravidar ou que já estão gestantes devem estar atentas à sua saúde e buscar ajuda sempre que necessário.