A alta do consumo de proteínas é realmente necessária? –

A Proteína: Do Mundo da Academia ao Seu Carrinho de Compras
Nos últimos anos, as prateleiras dos supermercados se encheram de produtos com mais proteína. De pães a iogurtes, passando por macarrões, pipocas e até refrigerantes, a proteína se tornou um ingrediente em alta. Antes vista como algo exclusivo para atletas e frequentadores de academias, agora está presente na dieta de muitas pessoas, mesmo aquelas que não praticam exercícios.
A Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), alerta que essa popularidade nem sempre é positiva para a saúde. Ela afirma que “a proteína é essencial para o organismo, mas o consumo excessivo, sem orientação adequada, pode trazer riscos”.
Consumo Recomendado: Menos É Mais
De acordo com dados da ABIAD de 2024, o uso de suplementos proteicos aumentou 6,2% somente neste ano, após um crescimento de 25% em 2022. No entanto, Dra. Marcella ressalta que é importante entender a quantidade de proteína necessária. Ela explica: “Nem todo mundo precisa de 2 g/kg/dia, como muitos afirmam. Para a maioria das pessoas, entre 0,8 e 1,6 g/kg/dia é suficiente, dependendo de seus objetivos e estado de saúde”.
Alcançar essa quantidade com uma alimentação variada é possível e requer atenção. Alimentos como carnes, ovos, laticínios, leguminosas e cereais integrais são boas fontes de proteína. Se consumidos de forma adequada nas refeições do dia, conseguem atender à demanda da maioria das pessoas.
Quando Utilizar Suplementos?
Existem, sim, situações específicas em que a suplementação de proteína pode ser necessária. Os idosos, por exemplo, muitas vezes têm dificuldade em ingerir proteína suficiente devido à perda de apetite ou problemas de mastigação e digestão. “Nesses casos, a suplementação com whey protein pode ser essencial para evitar sarcopenia, a perda de massa muscular relacionada à idade”, explica Dra. Marcella.
Essa necessidade também se aplica a pessoas em recuperação de cirurgias, a pacientes com doenças crônicas ou àquelas passando por reabilitação. Nesses contextos, a ingestão de até 2 g/kg/dia pode ser recomendada, sempre sob a supervisão de um médico.
O Risco do Excesso
Contudo, o excesso de proteína pode ser prejudicial à saúde. “Consumos acima de 2 g/kg/dia, especialmente sem orientação, podem sobrecarregar os rins e ter impactos cardiovasculares”, alerta Dra. Marcella. Muitas vezes, produtos industrializados ricos em proteína também contêm açúcares, gorduras e aditivos, que podem prejudicar a qualidade nutricional.
Outro ponto de atenção é o uso indiscriminado de suplementos em crianças, algo que vem se tornando comum nas redes sociais. A médica destaca: “Whey protein em mamadeiras não possui respaldo científico. Para a maioria das crianças, uma alimentação equilibrada e o aleitamento são suficientes”.
O Importante É Se Informar
Mais do que seguir modismos, é essencial buscar orientação profissional e entender as necessidades do próprio corpo. Dra. Marcella afirma: “A proteína é importante, sim. Mas a saúde não é só um único nutriente. O equilíbrio e a personalização nas dietas são fundamentais”.
Conclusão
A proteína é um nutriente essencial e reconhecido por seu papel no organismo. Entretanto, seu uso deve ser orientado e consciente. A busca por uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes variados, deve estar sempre em primeiro lugar.
A ideia é que cada um conheça sua necessidade e, se necessário, conte com profissionais que possam ajudar na definição do que é mais adequado. Antes de se deixar levar por tendências ou modismos, busque informação e orientação. Lembre-se: saúde é um conjunto de fatores que vão além de apenas um nutriente.
Se você está considerando ajustar sua dieta ou incorporar suplementos, procure sempre um especialista que compreenda suas necessidades individuais. Isso garante que você tenha um plano alimentar realmente eficaz e seguro.