A Polícia Federal (PF) encontrou duas apresentações em PowerPoint no celular do coronel da reserva Flávio Botelho Peregrino, ex-assessor do ex-ministro Walter Braga Netto. Os documentos contêm “avaliações de cenários” elaboradas por pessoas próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e sugerem possíveis medidas a serem tomadas em diferentes contextos políticos.
Segundo a investigação, a primeira apresentação possui o título “07 de setembro — dia anterior” e foi modificada pela última vez em 2 de setembro de 2021. Ela contém quatro slides e menciona o termo GLO, que se refere à operação de Garantia da Lei e da Ordem, em duas ocasiões. O relatório da PF indica que os documentos revelam que os envolvidos estavam cientes da gravidade das ações planejadas para subverter a democracia, incluindo ataques ao poder Judiciário.
As apresentações foram coletadas em novembro de 2024, durante uma operação da PF que visava tanto Braga Netto quanto Flávio Peregrino, no âmbito de uma investigação sobre suspeitas de obstrução de Justiça.
Um dos documentos discute a chamada “guerra de narrativas”, onde afirmava que, entre os apoiadores de Bolsonaro, a mensagem era de que ele contava com o “apoio incondicional” das Forças Armadas, estimulando o povo a celebrar a “segunda independência”. A comunicação à imprensa sugeria que o Ministério da Defesa via o feriado como um momento de celebração “em paz e harmonia”.
A segunda apresentação analisa os possíveis cenários após 7 de setembro de 2021, considerando aquele período como “um ponto de decisão e de inflexão para o governo”. Os slides listam propostas que incluem “GLO preventivo”, “GLO a pedido dos Estados/DF” e cenários de “distúrbios” em diversas cidades, além do envolvimento das Forças Armadas por decisão de outros poderes. O relatório da PF destaca que esse cenário de acionamento das Forças Armadas estava muito próximo de se concretizar.
Contexto do 7 de setembro de 2021
No dia 7 de setembro de 2021, durante um discurso na Avenida Paulista, em São Paulo, Jair Bolsonaro fez ataques ao sistema eleitoral e criticou governadores e prefeitos que adotaram medidas de controle da pandemia de COVID-19. Ele também se declarou contrário a decisões judiciais do ministro do STF, Alexandre de Moraes, afirmando que não cumpriria mais as determinações do magistrado. Bolsonaro pediu a saída do juiz, alegando que ele estava restringindo a liberdade do povo.
Esses eventos indicaram um clima de tensão política forte e levantaram questões sobre a estabilidade democrática no país. A investigação da PF continua em andamento, e os documentos encontrados podem ter implicações significativas para os investigados e para o cenário político nacional atual.
Para informações sobre eventos relacionados, você pode visitar nosso link de eventos.
