O que é o Desogestrel?
O desogestrel, conhecido como “minipílula”, é um anticoncepcional que contém apenas progesterona, um hormônio que impede a ovulação. Quando usado corretamente, sua eficácia pode ultrapassar 99%.
Por outro lado, a maioria dos anticoncepcionais orais tradicionais combina progesterona com estrogênio. Essa combinação é comumente encontrada nos contraceptivos conhecidos como contraceptivos orais combinados (COCs).
A minipílula é uma boa escolha para mulheres que não se adaptam bem ao estrogênio, como é o caso de muitas que estão amamentando. Isso porque o estrogênio pode dificultar a produção de leite materno.
Efeito na Endometriose
O desogestrel interfere na atividade hormonal que regula o ciclo menstrual, ajudando a evitar o crescimento anormal do endométrio, que é o tecido que reveste o interior do útero. Quando esse tecido cresce fora do lugar, a condição é chamada de endometriose.
Essa doença inflamatória afeta cerca de 15% das mulheres em idade reprodutiva, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou mais de 265 mil atendimentos relacionados a esse problema entre 2023 e 2024.
Como usar o Desogestrel
A minipílula deve ser tomada todos os dias, sempre no mesmo horário. Cada cartela contém 28 comprimidos, e é importante começar uma nova cartela imediatamente após terminar a anterior. Não fazer pausas aumenta a eficácia do anticoncepcional.
Se você iniciar o uso do desogestrel entre o primeiro e o quinto dia do ciclo menstrual, a proteção contra a gravidez começa na hora. Se você começar depois desse período, a proteção só será efetiva dois dias após a primeira dose.
Para mulheres que acabaram de ter filhos, o ideal é começar a usar o desogestrel nos primeiros 25 dias após o parto. Se começar depois desse prazo, será necessário esperar entre dois e sete dias para efetuar a proteção. Durante esse período, é essencial usar preservativo, pois a minipílula não protege contra infecções sexualmente transmissíveis.
Após a interrupção do uso do desogestrel, os efeitos do contraceptivo costumam durar cerca de um mês, mas isso pode variar. A fertilidade natural pode retornar antes desse prazo.
Vale destacar que o desogestrel tem tarja vermelha na embalagem, o que significa que é preciso uma receita médica para comprá-lo.
Efeitos Colaterais
Os efeitos colaterais mais frequentes associados à pílula de desogestrel incluem:
- Alterações menstruais (que podem ocorrer como períodos mais leves, mais frequentes ou até parar);
- Sangramentos fora das menstruações;
- Acne;
- Mudança de humor;
- Ganho de peso;
- Alterações na libido.
Mais raramente, a pílula pode causar cistos ovarianos. Esses cistos são, na maioria das vezes, benignos e não precisam ser removidos, pois costumam desaparecer sozinhos. No máximo, podem causar algum desconforto na parte inferior do abdômen.
Contraindicações
O desogestrel não é indicado para todas as pessoas. Antes de usar, informe o seu médico se você já teve:
- Doença cardiovascular;
- Cirrose;
- Câncer de mama;
- Problemas nos rins.
Alguns medicamentos podem interferir na eficácia do desogestrel. Por isso, evite usá-lo caso esteja sendo tratada para tuberculose, epilepsia ou HIV.
Desogestrel no SUS
O desogestrel foi oficialmente incorporado ao SUS em 2025, junto com o dispositivo intrauterino que libera levonorgestrel (DIU-LNG) e o implante contraceptivo. Essa decisão foi tomada por meio das Portarias nº 41 e 43, após recomendações da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).
Entretanto, a oferta nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) não será imediata, já que depende de etapas de administração e logística. Isso inclui a capacitação de equipes e a aquisição dos produtos. Portanto, não há prazo definido para o início da distribuição gratuita do desogestrel.
Enquanto isso, o SUS continuará a oferecer outras opções de tratamento para a endometriose e métodos contraceptivos. Isso inclui anticoncepcionais orais combinados, medicamentos que atuam como análogos do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), que ajudam a reduzir a inflamação típica da endometriose, além de anti-inflamatórios e analgésicos para controle da dor.
Assim, é importante que as mulheres tenham acesso a informações claras e precisas sobre suas opções de tratamento, já que isso pode impactar significamente a qualidade de vida e a saúde reprodutiva.
Considerações Finais
A minipílula de desogestrel é uma alternativa viável para muitas mulheres buscando métodos contraceptivos, especialmente para aquelas que não podem ou não desejam usar estrogênio. No entanto, como em qualquer medicamento, é fundamental consultar um profissional de saúde para entender melhor os benefícios, contraindicações e como usá-lo da forma mais segura possível.
A educação em saúde é essencial para que as mulheres possam tomar decisões informadas sobre seu corpo e sua saúde reprodutiva. Com a compreensão correta do uso do desogestrel e a conscientização sobre a endometriose, é possível ter um controle mais eficaz sobre a saúde reprodutiva e prevenir complicações futuras.
