Dor no estômago pode ser infarto? Dr. Thiago Tredicci tira dúvidas

Sentir dor no estômago costuma lembrar gastrite, refluxo ou má digestão. Mesmo assim, há situações em que o desconforto na boca do estômago pode estar ligado ao coração. Isso acontece porque o corpo nem sempre “avisa” no lugar esperado.
Algumas pessoas sentem aperto, queimação ou peso na região alta do abdômen em crises cardíacas, o que confunde e adia o socorro. Saber diferenciar os sinais mais comuns ajuda a agir com rapidez e a reduzir riscos, já que cada minuto conta quando há falta de sangue no músculo cardíaco.
Quem tem fatores de risco precisa de atenção redobrada. Pressão alta, diabetes, colesterol elevado, tabagismo, histórico familiar e idade avançada aumentam a chance de infarto.
Mulheres, idosos e diabéticos podem ter sintomas atípicos, como náuseas intensas, tontura, suor frio e dor “abdominal” sem a clássica pontada no peito.
O desconforto costuma durar mais de 20 minutos, pode piorar com esforço físico, vir acompanhado de falta de ar e irradiação para costas, braço esquerdo, pescoço ou mandíbula. Quando esse cenário aparece, a orientação é tratar como urgência.
Na presença de sinais de alarme, peça ajuda imediata. Ligue 192 para o SAMU ou 193 para o Corpo de Bombeiros. Evite dirigir até o hospital. Ficar em repouso, manter a calma e aguardar a equipe é mais seguro.
Quem já recebeu orientação médica prévia sobre uso de medicações deve segui-la. Se a dor for leve e passar rápido após alimentação leve, hidratação e repouso, vale observar, mas dores que se repetem exigem avaliação médica para descobrir a causa verdadeira e prevenir novos episódios.
Quando a dor no estômago sugere infarto
Alguns sinais chamam a atenção:
- dor opressiva ou em forma de peso na boca do estômago, aparecendo em repouso ou após esforço;
- sensação de aperto que não melhora com antiácido;
- falta de ar, palidez, suor frio ou desmaio;
- dor que irradia para costas, pescoço, mandíbula ou braço esquerdo; duração acima de 20 minutos.
Se dois ou mais desses pontos estiverem presentes, trate como urgência e busque atendimento.
Quando é mais provável que seja problema do estômago
Gastrite, refluxo e dispepsia tendem a piorar após refeições grandes, bebidas alcoólicas, café, frituras ou quando a pessoa se deita logo depois de comer. A dor pode arder, queimar, vir com gosto amargo na boca e melhorar com antiácido, dieta leve ou elevação da cabeceira da cama.
Mesmo nesses casos, sintomas que não passam, emagrecimento, vômitos frequentes, fezes escuras ou dificuldade para engolir pedem consulta médica para investigação adequada.
Papel do especialista do aparelho digestivo
Desconfortos que se repetem exigem avaliação estruturada. Exames como endoscopia, ultrassom e testes laboratoriais podem confirmar gastrite, refluxo, úlcera e outras causas.
De acordo com o médico cirurgião do aparelho digestivo em Goiânia, Dr. Thiago Tredicci, sintomas persistentes, dor noturna, anemia, vômitos com sangue ou histórico familiar de doenças do trato digestivo são sinais de alerta para investigar cedo e evitar complicações.
Checklist rápido para não confundir
- Tipo de dor: peso, aperto e pressão sugerem coração; queimação e ardor lembram estômago.
- Gatilho: esforço físico e estresse levantam suspeita cardíaca; alimentos gordurosos ou café apontam para o estômago.
- Resposta a antiácido: melhora rápida favorece origem gástrica.
- Tempo: dor contínua por mais de 20 minutos acende sinal de alerta.
- Sinais associados: suor frio, palidez, falta de ar e irradiação pedem urgência.
O que fazer diante da dúvida
Se a dor é intensa, duradoura, acompanhada de mal-estar geral ou irradiação, chame socorro. Se a dor é leve e passa com medidas simples, marque consulta para entender a causa e ajustar hábitos.
Anote quando a dor aparece, o que comeu, se houve esforço, quanto tempo durou e como melhorou. Essas informações ajudam o médico a chegar ao diagnóstico com mais precisão.
Hábitos que protegem coração e estômago
Pequenas mudanças diárias reduzem crises e melhoram qualidade de vida. Prefira refeições menores e mais frequentes, evitando excesso de gordura, bebidas alcoólicas e café à noite. Não se deite logo após comer.
Pratique atividade física orientada, durma bem e controle estresse com técnicas simples como caminhadas e respiração guiada. Mantenha exames em dia, controle pressão, glicose e colesterol.
Quem fuma deve buscar ajuda para parar, já que o tabagismo agride vasos do coração e também piora refluxo.
Mitos que atrapalham
“Se dói no estômago, não é infarto.”
Alguns infartos aparecem como dor na região do estômago. Ignorar o risco atrasa o atendimento e aumenta danos. Na dúvida, procure ajuda.
“Pessoa jovem não infarta.”
Pessoas jovens com fatores de risco podem ter eventos cardíacos. Histórico familiar, uso de substâncias, sedentarismo e dieta pobre elevam a chance.
“Mulher sempre sente dor intensa no peito.”
Muitas mulheres relatam náuseas, cansaço, tontura e dor abdominal ou nas costas. Valorize sintomas atípicos, especialmente se durarem mais de 20 minutos.
Quando marcar consulta com o digestivo
Dor recorrente, azia frequente, sensação de empachamento, perda de peso sem causa, vômitos, fezes escurecidas ou engasgos repetidos merecem avaliação.
Um especialista do aparelho digestivo define exames e tratamento, orienta mudanças de hábitos e acompanha a evolução. O objetivo é aliviar sintomas e afastar causas que pedem cuidado específico.
Como chegar ao médico preparado
Leve lista de remédios em uso, alergias e doenças já diagnosticadas. Anote a intensidade da dor de 0 a 10, descreva o local e o que piora ou melhora. Informe se alguém na família teve infarto, AVC, gastrite ou úlcera.
Esses dados ajudam o profissional a decidir quais exames solicitar e se há necessidade de encaminhamento ao cardiologista.
Resumo prático para guardar
Desconforto na boca do estômago pode ter causa no sistema digestivo, mas também pode sinalizar problema no coração. Dor prolongada, sensação de aperto, falta de ar, suor frio e irradiação para costas, pescoço, mandíbula ou braço são sinais de alarme. Diante disso, chame ajuda no 192 ou 193.
Se os sintomas forem leves e repetitivos, procure atendimento com especialista do aparelho digestivo para investigar. Cuidar dos fatores de risco, organizar a alimentação e manter acompanhamento médico reduz sustos e melhora o bem-estar.