Lula visa crescimento econômico e critica Bolsonaro pelo tarifaço –

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O presidente Lula, do Partido dos Trabalhadores, planeja aumentar sua visibilidade e engajamento com a mídia e o setor empresarial após o anúncio de Donald Trump sobre a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Essa decisão do governo dos Estados Unidos é uma retaliação a ações do Supremo Tribunal Federal, que afetam o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para os assessores de Lula, a sobretaxa de Trump fortalece a mensagem do governo brasileiro de combate às desigualdades e privilégios. A estratégia é associar Trump, Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como representantes de injustiças sociais e desrespeito à soberania nacional.
Recentemente, Lula postou uma mensagem em sua conta no X, antiga Twitter, destacando a necessidade de respeito ao povo brasileiro e à soberania do país. Ele afirmou que o Brasil tomará as medidas necessárias para proteger seus cidadãos e empresas.
Um material promocional do governo que circula inclui um vídeo enfatizando a soberania brasileira. Nele, é mencionado que um país soberano respeita suas leis, protege seu povo e não se submete a pressões externas. O vídeo exibe imagens do Brasil, incluindo suas florestas e diversidade, com uma declaração em inglês reforçando a ideia de que o Brasil é soberano.
A partir de agosto, o governo também pretende lançar um novo slogan enfocando a defesa dos mais pobres. A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) busca ampliar esse conceito, destacando que a política social do governo alcança não apenas os beneficiários de programas assistenciais.
Trump anunciou a nova tarifa em uma carta enviada na quarta-feira passada, onde alegou que Bolsonaro está sendo perseguido pela Justiça brasileira, relacionado a uma acusação de tentar impedir a posse de Lula em 2022. Essa postura foi celebrada por apoiadores de Bolsonaro, que revelaram um interesse em discutir a tarifa vinculada a uma “anistia ampla”.
A retaliação do governo americano, embora prejudicial à economia, também é vista pelo Palácio do Planalto como uma oportunidade para reforçar que Lula está lutando contra poderes estabelecidos em defesa da justiça tributária. Os ministérios foram orientados a compartilhar iniciativas que demonstrem esforços contra a desigualdade social.
Representantes de agências de publicidade foram convocados a discutir a nova abordagem do governo. Na próxima semana, será realizada uma pesquisa sobre a percepção pública em relação a Trump, visando ajustar a comunicação da presidência.
O ministro da Secom, Sidônio Palmeira, está incentivando Lula a participar de mais entrevistas, argumentando que a intervenção americana no Judiciário justifica essa abertura. Nas duas entrevistas que concedeu na quinta-feira, Lula enfatizou a soberania do Brasil e pediu respeito à Justiça brasileira.
Em uma reunião com ministros, o chanceler Mauro Vieira sugeriu que o Itamaraty respondesse ao assunto, mas prevaleceu a ideia de que essa agressão exigia uma resposta direta do presidente.
Além de associar Bolsonaro ao risco para a economia, o governo também planeja vincular a crise tarifária a Tarcísio de Freitas, que havia demonstrado apoio a Trump antes do anuncio da tarifa. O governador procurou mitigar o impacto negativo em sua imagem ao se reunir com Bolsonaro, ministros do STF e representantes da Embaixada dos Estados Unidos.
Lula está sendo incentivado a se comunicar com líderes do setor econômico, buscando apoio de empresários e do agronegócio. O vice-presidente Geraldo Alckmin desempenhará um papel importante nessa articulação, sendo convocado para dialogar com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que reúne empresários e representantes da sociedade civil. O governo também considera convocar um conselho de governadores para discutir os impactos da nova tarifa nas economias dos estados.