Milhões de sites oferecem bloqueador de bots com IA revolucionária –

Milhões de sites, incluindo grandes nomes como Sky News, Associated Press e Buzzfeed, agora poderão bloquear bots de inteligência artificial (IA) que acessam seu conteúdo sem permissão. Essa nova ferramenta é liberada pela empresa de infraestrutura da internet, Cloudflare, que hospeda cerca de 20% da web.
Com essa mudança, os sites poderão, futuramente, solicitar pagamentos às empresas de IA em troca do uso de seu conteúdo. Essa medida surge após muitas críticas de escritores, artistas e músicos que acusam essas empresas de treinar seus sistemas usando obras sem autorização.
No Reino Unido, o debate sobre proteção de direitos autorais se intensificou, gerando desavenças entre o governo e figuras como Sir Elton John, evidenciando a necessidade de novas regras.
A tecnologia da Cloudflare foca em bots de IA, conhecidos como crawlers, que são programas que percorrem a internet coletando dados. Esses crawlers são essenciais para o funcionamento dos sistemas de IA. Atualmente, a Cloudflare afirma que seu sistema já está ativo em um milhão de sites.
Roger Lynch, CEO da Condé Nast, que publica revistas como GQ e Vogue, considera essa ação um marco para os editores. Ele afirma que isso representa um passo crucial para estabelecer uma troca de valor justa na internet, protegendo os criadores e sustentando o jornalismo de qualidade, além de responsabilizar as empresas de IA.
Apesar desse avanço, especialistas argumentam que ainda são necessárias proteções legais mais robustas. O sistema começará a ser aplicado automaticamente para novos usuários da Cloudflare e sites que já participaram de iniciativas anteriores para bloquear crawlers.
Muitos editoriais se queixam que as empresas de IA utilizam seu conteúdo sem permissão. Recentemente, a BBC ameaçou processar a empresa americana Perplexity, exigindo que parasse de usar seu material e pagasse indenização.
Em geral, editores permitem que crawlers de mecanismos de busca, como o Google, acessem seus sites, pois essas plataformas ajudam a direcionar público para seus conteúdos. Entretanto, a Perplexity acusou a BBC de tentar preservar o monopólio do Google.
A Cloudflare defende que os crawlers de IA quebram um acordo não escrito entre publicadores e crawlers normais, pois coletam conteúdos sem direcionar visitantes às fontes originais, prejudicando os criadores. O CEO da empresa, Matthew Prince, afirma que é fundamental que os publicadores tenham controle sobre seu conteúdo e que um novo modelo econômico deve ser estabelecido.
Para atender a essas demandas, a Cloudflare planeja criar um sistema de “Pagamento por Acesso”, permitindo que criadores de conteúdo possam solicitar uma taxa das empresas de IA pelo uso de suas obras.
A Cloudflare também reportou um aumento significativo na atividade de bots de IA, com mais de 50 bilhões de solicitações sendo feitas diariamente. Há preocupações sobre alguns crawlers de IA desrespeitando os protocolos existentes para exclusão de bots.
Com a intenção de coibir abusos, a Cloudflare já desenvolveu um método em que infratores são encaminhados para um labirinto de páginas repletas de conteúdo gerado por IA. O novo sistema busca proteger o conteúdo dos sites e dá a chance de cobrança às empresas de IA.
No Reino Unido, uma intensa disputa legislativa ocorre entre o governo, os criadores e empresas de IA sobre como proteger as indústrias criativas da utilização indevida de suas obras. Em ambos os lados do Atlântico, criadores de conteúdo e licenciadores estão na justiça em resposta aos desafios que as empresas de IA apresentam aos direitos criativos.
Ed Newton-Rex, fundador da Fairly Trained, uma organização que certifica que as empresas de IA utilizam dados licenciados corretamente, aplaudiu a iniciativa, mas ressaltou que isso é apenas um remédio temporário para um problema mais profundo. Ele argumenta que verdadeira proteção só pode ser alcançada por meio de reformas legais.
A cineasta Baroness Beeban Kidron, que defensora de mais proteção para as indústrias criativas, celebrou a ação da Cloudflare, considerando-a uma liderança necessária no setor. Ela observou que para um ambiente digital vibrante, as empresas de IA devem contribuir com as comunidades onde atuam, o que inclui pagar suas obrigações fiscais e compensar criadores que tiveram suas obras utilizadas sem autorização.