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‘Nós contra eles’ não levará o Brasil ao crescimento, afirma Campos Neto –

Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, concedeu sua primeira entrevista após o período de quarentena, abordando questões relevantes sobre a economia brasileira e a polarização política atual. Ele destacou que as decisões relacionadas às contas públicas são frequentemente afetadas por um discurso que divide a sociedade entre ricos e pobres. Campos Neto enfatizou que, para o país crescer de maneira sustentável, é essencial unir todos os setores: empresários, trabalhadores e governo.

Na entrevista, ele comentou sobre as acusações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que ele deixara uma herança de juros altos para seu sucessor, Gabriel Galípolo. Campos Neto se mostrou desanimado com o foco em narrativas políticas em vez de soluções estruturais para os problemas econômicos do Brasil.

Em relação ao trabalho de Galípolo no Banco Central, Campos Neto elogiou a atuação técnica e a comunicação transparente, mas frisou que os desafios enfrentados pelo país estão mais relacionados ao lado fiscal do que ao monetário. Ele afirmou que a polarização política afeta a credibilidade das decisões fiscais e que a falta de um plano claro e ambicioso pode agravar a dívida do Brasil, que já é uma das mais altas entre os países emergentes.

Areas de preocupação também foram abordadas, como a necessidade de ajustar a carga tributária e eliminar isenções que não ajudam no crescimento econômico. Campos Neto criticou a ideia de aumentar impostos sem considerar as consequências negativas sobre o investimento e o crescimento das empresas.

Ao tratar dos juros, ele afirmou que o importante é que o mercado perceba a seriedade do governo em relação às finanças públicas. Uma confiança restaurada poderia permitir uma queda nos juros, mas isso depende de ações concretas em vez de promessas.

Ele também comentou sobre a situação do IOF, enfatizando que não se deve considerá-lo um imposto apenas sobre os ricos, pois seu impacto é amplo e pode elevar o custo de crédito para todos. Campos Neto defendeu a necessidade de uma base tributária que estimule investimentos, ressaltando que um estado excessivamente grande pode prejudicar a economia, gerando inflação alta e baixa produtividade.

Sobre o cenário político na América Latina, ele notou uma tendência de inclinação à direita, observando que ideologias que se concentram unicamente em igualdade, em vez de abordar a pobreza, têm enfrentado questionamentos. Ele acredita que um aumento do papel do governo pode paralisar o crescimento econômico que depende do setor privado.

Em relação a sua nova função no Nubank, Campos Neto reafirmou seu afastamento da política direta e descartou qualquer envolvimento em uma possível candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, à presidência.

Finalmente, ele respondeu a críticas sobre sua gestão no Banco Central, defendendo que suas ações foram baseadas em análises técnicas e na necessidade de uma abordagem mais ampla, considerando o contexto global e econômico do país.

Redação EUVO News

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