Staffette da memória homenageiam a Strage de Bologna –

Cerca-se manter informações sobre a memória de um trágico episódio da história da Itália com as chamadas “staffette ciclo-podistiche”. Essas caminhadas e pedaladas acontecem anualmente, começando no final de julho e terminando em Bologna, em comemoração ao aniversário da tragédia do dia 2 de agosto de 1980. Neste dia, um ataque terrorista neofascista resultou na explosão de uma bomba na sala de espera da estação de trem, causando a morte de 85 pessoas e deixando cerca de 200 feridos.
A tradição das staffettes teve início um ano após a tragédia, com um grupo de maratonistas de Sesto Fiorentino que decidiu caminhar até Bologna para marcar o primeiro aniversário da explosão. Sonia Zanotti, que participa da organização há quase duas décadas, é a presidente do Coordenamento das Staffettes para Bologna. Ela destacou que atualmente existem diversas rotas que partem de locais como Brennero, Milano e San Marino.
A rota mais longa começa no Brennero, na fronteira entre Itália e Áustria, e atravessa a região até chegar a Bologna. Este trajeto, que dura aproximadamente cinco dias, é exclusivo para ciclistas desde há dois anos. Outra rota importante parte de Milano, enquanto a que vem de San Marino costumava ser a mais numerosa antes da pandemia, permitindo que os caminhantes se dividissem e se reunissem em um só grupo antes de chegar a Bologna.
Além das caminhadas maiores, existem percursos menores que visam lembrar a tragédia em suas localidades de origem. Por exemplo, Uliveto Terme, uma pequena fração em Toscana, dedicou uma rua à memória da tragédia em 2007.
Nos 45 anos de realização das staffettes, houve apenas uma interrupção em 2020 devido à pandemia. No ano seguinte, as atividades foram retomadas, apesar de alguns desafios burocráticos. A maioria dos municípios apoia a iniciativa, mostrando que o tema continua a ser importante para muitas pessoas, mesmo aquelas que não vivenciaram a tragédia diretamente. Sonia Zanotti, que tinha apenas 11 anos durante a explosão, se dedica a levar essa história a estudantes que muitas vezes não têm conhecimento sobre o assunto.
Ela costuma visitar escolas para compartilhar sua experiência, ajudando as novas gerações a entender melhor o que ocorreu. Entre os participantes estão estudantes de Novi di Modena, que realizam o percurso de cinco dias de bicicleta, unindo esporte e memória em suas atividades.
O principal objetivo das staffettes é promover a memória de uma forma distinta, além das celebrações oficiais. O projeto busca construir conexões entre as pessoas, criando um espaço propício para conversas e relatos. Sonia menciona que, durante uma das caminhadas, encontrou pessoas que estavam presentes no ataque, mas que nunca haviam falado sobre isso antes. Essas trocas demonstram que, apesar da dor, há um desejo de compartilhar experiências com aqueles que podem compreender.
As staffettes, assim, não apenas lembram um evento trágico da história, mas também promovem a empatia e o entendimento entre gerações, à medida que a memória coletiva se perpetua ano após ano.