Tarcísio considera tarifaço um desafio para o país –

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que é cogitado como candidato à presidência nas eleições do próximo ano, comentou sobre o aumento de tarifas proposto pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Tarcísio afirmou que essa situação é “complicada” para o Brasil, especialmente para alguns setores da indústria e do agronegócio, e enfatizou a importância de uma união de esforços para enfrentar essa questão, deixando a política de lado por um momento.
As declarações foram feitas durante uma cerimônia de formatura em Cerquilho, São Paulo. Tarcísio destacou a necessidade de proteger os interesses das empresas e dos trabalhadores de São Paulo, afirmando que é sua responsabilidade como governador priorizar empregos e famílias.
O governador também foi questionado sobre uma ligação que fez para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo que autorizassem o ex-presidente Jair Bolsonaro a viajar aos Estados Unidos. A revelação de que ele tentou interceder nessa questão foi considerada inusitada por alguns ministros. Tarcísio negou que tenha assinado qualquer petição relacionada ao assunto e minimizou a situação, chamando-a de “bobagem”.
Em relação à exigência de anistia geral para aqueles acusados de envolvimento com a tentativa de golpe e os ataques de 8 de Janeiro, Tarcísio declarou que essa é uma questão de “ponto de vista”. Ele reafirmou seu compromisso em priorizar o estado de São Paulo e enfatizou a importância de preservar os interesses econômicos do local.
O governador também reconheceu a competência do governo federal para liderar as negociações com os Estados Unidos e mencionou que já se comunicou com a embaixada americana para informá-los sobre os impactos do aumento de tarifas nos setores regionais, como a Embraer e o agronegócio.
Nos últimos dias, Tarcísio tem se esforçado para mitigar as repercussões da proposta de tarifa elevada. Ele conversou com várias figuras influentes, incluindo Jair Bolsonaro, ministros do STF e o embaixador dos EUA no Brasil. O governo Lula tem ligado as dificuldades econômicas decorrentes do tarifaço à oposição, cuja liderança inclui Tarcísio, aliado de Bolsonaro.
De acordo com pessoas próximas ao governador, ele pode se posicionar como um possível mediador nas negociações com Trump. No entanto, ele encontrou barreiras na conversa com os ministros do Supremo e resistência entre seus aliados bolsonaristas. Eduardo Bolsonaro, por exemplo, condicionou qualquer possível acordo sobre tarifas a uma anistia ampla para os envolvidos na trama golpista, que inclui seu pai.
Por outro lado, Paulo Figueiredo, um conhecido apoiador de Bolsonaro nos EUA, criticou Tarcísio, afirmando que sua tentativa de interceder diante de Trump seria infrutífera. Ele acredita que a única solução viável seria uma anistia ampla, o que contrasta com a visão de Tarcísio, que parece focar mais na defesa dos interesses econômicos de São Paulo.
Em relação ao seu papel como negociador, Tarcísio enfrenta a dificuldade de alinhar suas ações com o que Bolsonaro deseja, uma vez que o ex-presidente reafirmou recentemente que seu foco é a anistia. Bolsonaro está exigindo celeridade dos Poderes em atender às demandas de Trump, enquanto a tarifa de 50% imposta a produtos brasileiros continua a impactar produtores locais.
Além disso, aliados de Bolsonaro têm manifestado que eles preferem centralizar o diálogo com o governo Trump, vendo a mediação de Tarcísio como uma ameaça às suas próprias aspirações políticas. O clima é tenso, com a carta de Trump a Lula enfatizando a necessidade de encerrar os processos legais contra Bolsonaro.
Tarcísio, que já demonstrou apoio a Trump publicamente, agora busca um papel mais ativo nas negociações, em um cenário difícil que exige equilíbrio entre lealdade a Bolsonaro e respeito à justiça e à democracia.