Terremoto na costa oeste dos EUA pode mudar a região; saiba mais –

Um novo estudo trouxe à tona preocupações sobre os riscos de inundação na região do Pacífico dos Estados Unidos, especialmente na costa do Oregon. A pesquisa revela que, em caso de um megaterremoto na falha de Cascadia, a geografia do litoral pode mudar drasticamente, aumentando significativamente as áreas vulneráveis a enchentes.
A falha de Cascadia se estende por cerca de 1.100 km, começando no norte da Califórnia e indo até a Colúmbia Britânica, no Canadá. Um terremoto de magnitude superior a 9,0, que poderia ocorrer nessa região, não apenas causaria destruição imediata, mas também provocaria mudanças permanentes na linha costeira, com o solo podendo afundar mais de dois metros em áreas afetadas. Como consequência, as planícies de inundação, locais propensos a alagamentos, poderiam dobrar ou até triplicar de tamanho.
A pesquisa sugere que, se um grande terremoto ocorrer nas próximas décadas, a elevação do nível do mar provocada pelas mudanças climáticas agravaria ainda mais a situação. Por exemplo, regiões da Califórnia, Oregon e Washington poderiam ser atingidas por tremores por até cinco minutos, com a possibilidade de um tsunami subsequente. Essa combinação de fenômenos naturais poderia resultar em alterações dramáticas na paisagem em questão de minutos.
O estudo foi liderado por Tina Dura, professora de geociências na Virginia Tech. Ela destaca que a previsão se baseia em dados históricos, incluindo o último grande terremoto em Cascadia, que ocorreu em 1700. Naquela ocasião, o solo afundou abruptamente, transformando áreas de pântano em zonas afetadas pela maré e destruindo florestas inteiras pela invasão de água salgada.
Os pesquisadores se apoiaram em evidências geológicas, como o aparecimento de “florestas fantasmas” — troncos de árvores que morreram devido ao afundamento do solo costeiro — e também em relatos históricos de um tsunami. A colaboração entre universidades resultou na análise de 24 estuários ao longo dos litorais do Oregon, Washington e norte da Califórnia.
Este trabalho ainda identificou que muitos aeroportos, indústrias, estações de tratamento de esgoto e subestações elétricas estão em áreas baixas, aumentando o risco de inundações severas. Rodovias importantes, como a US-101, também estariam em perigo.
O estudo alerta que os problemas podem ser crônicos. Mesmo após a passagem do terremoto e do tsunami, as comunidades podem enfrentar inundações persistentes, afetando infrainstutura e a vida diária. Estruturas como usinas de tratamento de esgoto e estradas podem permanecer permanentemente submersas na nova planície de inundação.
Atualmente, a média de intervalos de grandes terremotos nessa região varia entre 500 e 600 anos, mas já se passaram 325 anos desde o último evento significativo. Embora o solo tenha se elevado devido ao movimento das placas tectônicas, o estudo indica que a combinação de terremotos com o aumento do nível do mar pode criar uma vulnerabilidade repentina.
Além do foco nos terremotos, o estudo também analisa um fenômeno peculiar nas profundezas do mar, chamado Oásis de Pítia, um vazamento de fluido quente que desempenha um papel importante na lubrificação das placas tectônicas. Se a pressão do fluido diminuir, a pressão entre as placas aumenta, favorecendo a ocorrência de terremotos.
Diante desse cenário, especialistas ressaltam a necessidade de revisar políticas de resiliência, considerando não apenas a elevação do mar, mas também o impacto das mudanças abruptas no solo após um terremoto. Por isso, é fundamental que o planejamento para desastres naturais seja reavaliado para proteger as comunidades e os serviços essenciais na região.