Vendedores de ingressos contratam trabalhadores para comprar em massa –

Uma investigação revelou que cambistas estão utilizando equipes de trabalhadores para comprar em grandes quantidades ingressos para os concertos mais populares do Reino Unido, como os de Oasis e Taylor Swift, com o objetivo de revendê-los para lucrar. Alguns cambistas estão ganhando milhões de libras com essa prática.
A investigação mostrou que esses cambistas têm equipos trabalhando internacionalmente, conhecidos como “ticket pullers”, que têm acesso a ingressos e os adquirem em grande número assim que as vendas são abertas. Um exemplo registrado foi de um executivo de uma empresa de compra de ingressos no Paquistão, que, em uma conversa gravada secretamente, afirmou ter uma equipe capaz de garantir centenas de ingressos para o show da turnê “Eras” de Taylor Swift.
Após a pré-venda de ingressos do Oasis, muitos deles foram listados em sites de revenda, como StubHub e Viagogo, por valores que ultrapassavam 6.000 libras, cerca de 40 vezes o preço original. Isso levou muitos fãs genuínos a pagar muito mais do que o valor de face.
Um dos empresários, chamado Ali, afirmou que sua equipe havia conseguido ingressos para concertos de bandas renomadas como Coldplay e Oasis, mencionando que um cambista no Reino Unido lucrou mais de 500.000 libras apenas no ano passado, enquanto outros fazem fortuna similar.
A pesquisa também revelou que esses compradores utilizam softwares automáticos e múltiplas identidades, o que pode configurar práticas fraudulentas. Outro executivo de uma empresa de compra de ingressos, localizado na Índia, comentou ao nosso repórter que opera fora do Reino Unido, tentando justificar suas ações como legais.
Um especialista que atua no setor de ingressos, com quase 40 anos de experiência, informou que infiltrou um grupo secreto online que se especializa em garantir um número imenso de ingressos usando métodos controversos. Ele revelou que isso potencialmente pode prejudicar os fãs, que geralmente têm limites na compra de ingressos em plataformas oficiais, como a Ticketmaster.
Os cambistas frequentemente disponibilizam seus ingressos em sites de revenda, enquanto um ex-funcionário da Viagogo observou que algumas contas possuem milhares de ingressos à venda, um comportamento contraditório com a política da plataforma, que afirma que 73% dos vendedores têm menos de cinco ingressos.
Além dos shows, a ausência de regulamentação adequada também é uma preocupação no futebol. A investigação identificou milhares de ingressos da Premier League sendo vendidos illegalmente, apesar da proibição de revenda sem autorização desde 1994. No jogo Arsenal vs Chelsea, por exemplo, foram encontrados 8.000 ingressos à venda, alguns deles por um semi-profissional que até anunciava preços exorbitantes em redes sociais.
Outras práticas ilegais incluem a “venda especulativa”, onde os cambistas listam ingressos que não possuem, o que pode levar a fraudes. Também foi identificado um caso de 104 ingressos “especulativamente” listados para um evento musical, com os mesmos ingressos sendo vendidos em plataformas oficiais ao mesmo tempo.
A Viagogo se pronunciou, afirmando ter removido anúncios em conformidade com suas políticas. O governo do Reino Unido está considerando novas medidas para combater esses problemas, refletindo as dificuldades semelhantes enfrentadas na República da Irlanda, onde leis para proibir a revenda de ingressos acima do valor original estão sendo desrespeitadas.
Atualmente, a proposta do governo inclui rigorosas multas e a criação de um regime de licenciamento que busca proteger os consumidores e garantir que o dinheiro dos ingressos beneficie o setor de eventos ao invés de enriquecer cambistas. A pressão por ações mais efetivas só aumenta, reconhecendo que o setor de revendas de ingressos precisa de regulação para evitar práticas fraudulentas e garantir acesso justo aos verdadeiros fãs.